terça-feira, 4 de junho de 2019

Inspeção (Parte 7): Sistema de fornecimento de água à comunidade de Livramento do Tiúma é vistoriado pela Promotoria de Justiça de Timbaúba



Ontem, segunda-feira, (dia 03/06), dando sequência à série de inspeções promovidas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através da Promotoria de Justiça local, sobre o fornecimento de água à população timbaubense, ocorreu a  inspeção do sistema de Livramento do Tiúma.
      O promotor de justiça, Dr. João Elias, esteve na comunidade de São José do Livramento, zona rural de Timbaúba, vistoriando todo o sistema de reservação, captação e distribuição de água para o atendimento dos moradores da referida localidade. Após a vistoria e conversas com o representante local da administração pública, o Sr. Wandson Menezes (subprefeito), com o operador do sistema, o Sr. Lucas Felipe, e com alguns populares foi constatado que o equipamento não pertence Compesa e sim à Prefeitura Municipal.
      Restou apurado que o sistema funciona da seguinte forma: As águas do Riacho Mulungu, localizado no Engenho União, desce por gravidade até uma pequena barragem feita no próprio leito do Riacho, de onde é bombeada para uma caixa d'água e dela é distribuída também por gravidade diretamente para a rede de encanação de 85mm que serve de rede principal para a ligação das residências. Não existe tratamento da água e nem sequer de filtragem, desde a captação até o fornecimento à comunidade. O sistema foi instalado pela gestão pública de Timbaúba há cerca de 30 (trinta) anos e por ela é mantido e administrado.
       O representante do MPPE observou que a água que chega nas torneiras da população de São José do Livramento, aproximadamente 3 mil moradores, pela ausência filtragem e tratamento apresenta uma coloração alaranjada e muitas partículas sólidas visíveis. “Tomamos conhecimento de que desde a implantação desse sistema não houve ações para melhorias, pelo contrário o sistema envelheceu e até o filtro foi desativado”, comentou o promotor, alertando para o risco de doenças a que vem se submetendo a comunidade ao longo dos anos.
       A água sem tratamento pode causar hepatite A, giardíase, amebíase, leptospirose, cólera, ascaridíase, febre tifoide e esquistossomose. Um agravante a mais para os consumidores do sistema de água de São José do Livramento é a utilização de um poço artesiano, que no período de verão também contribui no abastecimento. “A água desse poço, segundo nos informou o subprefeito, é rica em ferro, e o seu consumo pode causar problemas renais graves”, explicou Dr. João Elias.
       A comunidade de São José do Livramento é considerada, em sua maioria, de baixa renda. Alguns moradores disseram ao promotor que compram água potável de caminhões para beber e preparar os alimentos, mas não há garantias de que essa água também seja própria para o consumo e nem que a água do sistema não esteja sendo usada para o consumo humano, especialmente pelas pessoas mais pobres. O subprefeito disse ao promotor que constantemente a comunidade é alertada para não consumir (beber ou preparar alimentos) da água desse sistema, embora ele próprio - subprefeito - não garanta que isso não ocorra justamente pelas pessoas que não possuem dinheiro para comprar "água potável".
       Alguns populares informaram ao representante do Ministério Público que usam para beber a água das chuvas coletada dos telhados e até de um poço da região, de onde carregam no lombo de "burros" . “Apesar da humildade e esperança das pessoas com quem falamos, entendemos que haja uma grande necessidade de melhorias no sistema que foi inspecionado, bem como na aplicação de ações eficazes para garantir a saúde desses cidadãos”, finalizou o representante do MPPE.










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