A causa evangélica floresceu na região do Vale do Sirigi, no começo do século passado, com a abertura de congregações em Orobó, no Sítio Cavunga (nas proximidades de Mogonga, atual Vila de Sirigi), em Balanço e Monte Alegre, além de vários pontos permanentes de pregação, espalhados nas redondezas, por iniciativa da Igreja Evangélica Pernambucana, na época situada na Rua da Roda, no Centro do Recife, sob a liderança dos missionários Alexander Telford (escocês) e Charles Kingston (inglês), ambos obreiros mantidos pela entidade britânica "HELP FOR BRAZIL", auxiliados pelo presbítero português Manoel de Souza Andrade, e pelos evangelistas nacionais Pedro Campelo e Hermenegildo Sena, alunos do Seminário Presbiteriano em Garanhuns.
Este esforço missionário tomou maior impulso com a adesão de Júlio Leitão de Melo, nascido em 18 de julho de 1882, filho de Honorato Vieira de Melo e Inês Tavares de Melo. Residente em terras do seu genitor - inicialmente no Engenho Olho d’água e, posteriormente, no Sítio Calumbi - este jovem agricultou renunciou os princípios do Catolicismo Romano, nos quais fora criado e se tornou um ardoroso defensor da fé que abraçara, após um cuidadoso estudo dos ensinos da Bíblia.
Houve incompreensões, reações e perseguições. Entretanto, em pouco tempo, o trabalho congregacional avançou no Norte de Pernambuco, com a abertura e consolidação de florescentes igrejas, inclusive em Timbaúba e Macaparana. Vários membros de tradicionais famílias se tornaram evangélicos, contribuindo imensamente para o avanço do nascente grupo: Gomes de Andrade, Araújo Pereira, Guedes Pereira, Pereira Lyra, Pereira Borba, Andrade Guerra, Andrade Lima, Jorge de Andrade, Albuquerque Maranhão, Tavares de Melo e Vieira de Melo. O Rev. Kingston realizou os primeiros batismos no Sítio Cavunga, em 1902.
Em 17 de outubro de 1905, o Rev. Pedro Campelo batizou um expressivo número de dezoito novos crentes, entre os quais Júlio Leitão de Melo, na Fazenda Balanço, de propriedade de José Carlos de Araújo Pereira. O Cap. José Gomes de Andrade doou um terreno para construção do templo evangélico em Monte Alegre. Como os ânimos dos adversários religiosos estavam exaltados, este imóvel sofreu danosa destruição, nas vésperas de sua inauguração, no final de 1906. Os crentes, reanimados, ergueram um outro prédio, em 1909.
Com o crescimento do campo eclesiástico, a IGREJA EVANGÉLICA DE MONTE ALEGRE foi organizada oficialmente em 04 de agosto de 1912, em memorável solenidade, numa tarde muito chuvosa, sob a direção do Rev. Pedro Campelo, ladeado pelos Revs. James Haldane (missionário escocês, recém chegado no Recife) e Hermenegildo Sena (pastor em Jaboatão). A reunião começou às 12 horas e terminou às 17. Além da instalação da nova comunidade, houve a ordenação ao Ministério do Rev. Júlio Leitão de Melo, preparado no Seminário Presbiteriano de Garanhuns, e outros atos litúrgicos: A apresentação de crianças, segundo o rito congregacionalista; celebração de profissão de fé e batismos; arrolamento de 105 membros e a consagração de quatro oficiais: Presbíteros - Vicente Guedes de Araújo Pereira e João Tavares de Melo; Diáconos - Nestor Gomes de Araújo Pereira e José Roberto da Silva.
O Rev. Júlio Leitão de Melo permaneceu no seu pastorado até 1921, quando se transferiu para o Estado da Paraíba. Em virtude duma nova onda de oposições, a Igreja Evangélica de Monte Alegre se transferiu para Pirauá, em 1923, sendo seu pastor o Rev. Antonio de Carvalho. Em 04 de agosto de 1927, nas comemorações do seu 15º aniversário, o Rev. Júlio Leitão de Melo, embora domiciliado na cidade de Areia, reassumiu a sua direção, nela permanecendo até o início da década de 1930. De 17 a 21 de janeiro de 1934, reuniu-se ali a Convenção Regional do Nordeste das igrejas congregacionais, com a presença de significativo número de pastores, missionários e representantes leigos. No final dos trabalhos, a ordenação do Rev. Joel Leitão de Melo, segundo filho do Rev. Júlio Leitão de Melo.
Outros obreiros serviram naquele local - Hermenegildo Sena, Luiz Pereira de França, João Barbosa de Lucena, Arthur Pereira Barros, João Laurentino de Figueiredo, Isaías Correia dos Santos, Geraldo Batista dos Santos, José Ferreira da Costa, Antonio Gomes da Silva e Manoel Gonçalves da Silva, entre outros. Entre os presbíteros, recordamos Manoel Gomes de Andrade, proprietário do "Fandango" e José Gomes de Lima. Nos meados da década de 50, o famoso Frei Damião com uma turba enfurecida tentou invadir esta igreja, durante uma Escola Dominical, porém alguns elementos de origem evangélica, entre eles Miguel Jorge de Andrade, impediram a concretização dessa façanha. A Igreja Evangélica Congregacional de Pirauá realizou as festividades espirituais alusivas ao seu Centenário, no último dia 04 de agosto.
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Pr. Júlio Leitão de Melo Neto - Especial para o JORNAL DE MACAPARANA
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